Na produção tradicional de porco Alentejano, durante o Outono e Inverno, os montados são fundamentais para a engorda dos porcos.
Que recursos alimentares oferecem, afinal, os montados?
No sistema silvo pastoril de produção tradicional de porco alentejano a bolota e a lande constituem uma fonte energética fundamental complementada pela proteína disponibilizada pelas gramíneas e leguminosas do sob coberto o arbóreo e arbustivo.
A produção destes frutos, a bolota e a lande, varia muito de árvore para árvore, de ano para ano e de região para região – tudo depende do potencial genético de cada árvore e também:
- de factores intrínsecos, como a idade das árvores e o número de ramos eliminados na poda de formação;
- de factores extrínsecos, como a incidência de pragas e as técnicas culturais utilizadas.
A azinheira e o sobreiro
Para a engorda dos porcos durante a produção tradicional de porco alentejano são utilizados os frutos da azinheira e do sobreiro. Mas qual destas árvores é que produz mais?
Saiba que a azinheira dá mais fruto que o sobreiro. Estimam-se produções de 15 a 25 Kg por azinheira e entre 2 a 17 Kg por sobreiro!, o que depende da região, do clima, dos solos e dos métodos de exploração.
No entanto, consideram-se adequadas as densidades dos montados com aproveitamento pastoril de 40 a 70 árvores por hectare – enquanto que nos montados de sobro é normal a existência de densidades de 70 a 100 árvores por hectare.
De que são feitos os frutos dos montados?
A bolota – fruto utilizado na produção tradicional de porco alentejano – geralmente é maior e mais doce que a lande. O porco alentejano não come a casca da bolota e, por isso, a bolota sem casca tem um baixo teor proteico (4 a 8% na matéria seca) e um elevado teor em gordura (6 a 14% na matéria seca).
A bolota sem casca é um alimento muito energético. Na verdade, um porco Alentejano necessita de ingerir 10 kg de bolota para ganhar 1 kg de peso vivo!
A gordura do porco alentejano, em muito também devido ao consumo da bolota sem casca, é boa para a nossa saúde. Por esta é que não estava à espera, pois não? É que a engorda dos porcos em montanheira traça-lhes um perfil característico de ácidos gordos (ácido oleico / ácido linoleico), que é responsável pelas características organolépticas da carne e dos produtos transformados e que se acredita que seja benéfico para a saúde dos consumidores.
A vegetação herbácea na engorda dos porcos
Pois é, nem só de bolotas vivem os porcos da produção tradicional de porco alentejano. Também são alimentados a erva, natural ou melhorada, cujas produções são ainda mais irregulares – tanto em quantidade como em qualidade.
Complemento essencial da bolota, a erva lava a boca aos porcos. Isto quer dizer que durante as chuvas abundantes do Outono há mais produção de erva e a sua proteína contribui para a redução da toxicidade dos taninos da bolota e a neutralização parcial da sua adstringência, o que permite maiores níveis de ingestão e ganhos de peso mais elevados no porco alentejano.
Mas o porco guloso não se fica por aqui…
Durante a engorda do porco em montada, este complementa a ingestão da bolota e da erva com diversos alimentos como rizomas, bolbos, tubérculos, cogumelos e vermes: andam a que desenterrá-los nos terrenos mais húmidos.