A salicultura, cultura e produção de sal marinho, é uma actividade económica muito importante – porém tendente a desaparecer. Portugal possui, na parte continental do território, cinco conjuntos de salinas ou salgados: Aveiro, Figueira da Foz, Tejo, Sado e Algarve.
As reduras de sal marinho em Aveiro
A técnica de salicultura mais tradicional e antiga, utilizada até pelos Romanos, é a que se encontra ainda em uso no Salgado de Aveiro, sendo conhecida também por técnica aveirense aplicada em pequenas unidades, associando frequentes reduras, ou recolhas de sal marinho e uma mão-de-obra intensiva e mestre no ofício.
As técnicas mecanizadas de salicultura, algumas muito sofisticadas e fazendo uso de maquinaria pesada, são adoptadas em unidades de maiores dimensões e em que o número de recolhas por safra, ou ciclo anual de produção, é pequeno.
Salicultura mecanizada: início dos anos sessenta
Terá sido apenas nos anos sessenta que as técnicas mecanizadas tiveram início em Portugal, particularmente nas salinas do Tejo, Sado e costa algarvia, como resultado de um esforço de dinamização de um sector em franco declínio.
Foi possível, desta forma, aumentar a produção nacional, apesar do número de salinas ter diminuído. Embora tenha havido uma quebra importante nas exportações, o escoamento da produção de sal marinho era assegurado pela existência de uma frota de bacalhau e pela utilização deste produto em diversas indústrias químicas que se desenvolveram a partir do final dos anos cinquenta.
No entanto, foram estas mesmas indústrias as responsáveis por uma diminuição da mão-de-obra disponível para a salicultura, visto que na indústria os trabalhadores recebiam salários mais altos.
O início do declínio do sal marinho
A diminuição da produção de sal marinho verificou-se no romper da década de setenta e no início dos anos noventa terá atingido os níveis mais baixos de sempre.
As salinas foram abandonadas ou os seus proprietários tentaram convertê-las em actividades mais rendíveis.
O estímulo da adesão de Portugal à CEE
Com a adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia surgem fundos comunitários para a salicultura – e grande parte desta verba foi utilizada na conversão de salinas. Por outro lado, e particularmente no Estuário do Sado, assistiu-se igualmente à destruição de salinas para serem substituídas por campos de arroz.
Indústria do frio: a rival do sal
Com o desenvolvimento da indústria do frio, o sal passou a ser muito pouco utilizado como meio de conservação dos alimentos. Desta forma, as grandes frotas de bacalhau, também em declínio, deixaram de absorver as toneladas de sal marinho de que necessitavam para a conservação do peixe – quer em alto mar, quer para as secas do bacalhau.
Sal marinho, o amigo equilibrado das zonas costeiras
De uma forma global a salicultura é muito benéfica para a manutenção dos equilíbrios ambientais nas zonas costeiras, nomeadamente para a avifauna específica e a estabilidade da linha de costa. E porquê? Porque as salinas activas proporcionam a existência de ecossistemas determinantes para a sobrevivência de várias espécies animais e vegetais e impedem a acção negativa das marés vivas sobre as zonas do litoral devido aos muros-dique que defendem as unidades produtivas.
Sal marinho: ou se torna competitivo ou morre!
Fazer da salicultura uma actividade novamente rendível está bastante complicado, pois não existem mecanismos que possibilitem uma competição em termos de mercado com o sal marinho proveniente de Espanha e do Norte de África.
Outro problema da comercialização do sal português refere-se à competição com o sal gema proveniente essencialmente da Europa Central e Norte de África, que entra no mercado a preços muito competitivos.