A produção de porcos em Portugal foi alvo de estudo pela equipa de investigadores da Animal. Aferir o seu impacte ambiental terá sido um pretexto para a tentativa de converter os consumidores desta carne tão saborosa ao vegetarianismo. Em causa estarão também, obviamente, as condições de produção destes animais e é isso que interessa – já que gostos não se discutem -: dar a conhecer informação sobre esta indústria.
A indústria de produção de porcos em Portugal
Estima-se que a indústria de produção de porcos em Portugal possui uma importância económica de mais de 450 milhões de Euros. E a tendência é para a expansão, tanto para consumo doméstico como para exportação – dizem.
Apesar do grosso da produção de porcos em Portugal continue a ser de pequena escala, nos últimos anos surgiram mais de mil unidades industriais de criação de porcos.
O que se constata nas conclusões da Animal é que estas unidades industriais são grandes causadoras de poluição: ameaçam os solos, as águas, a qualidade de vida das populações locais e, igualmente, o modo de vida dos pequenos agricultores. Será mesmo assim?
Vegetarianos a puxar a brasa para a sua abóbora
A equipa de investigadores da ANIMAL apurou, entretanto, em conversa com José Carlos Faria, responsável pela Comissão de Moradores e de Defesa do Ambiente da Ribeira dos Milagres, um morador próximo de muitas suiniculturas, que este terá denunciado o modo como a vida e o ambiente em que vivem as populações destas localidades são profundamente afectadas pela existência de tantas suiniculturas e também pela poluição por si produzidas – uma falta de responsabilidade ecológica.
Resumidamente, toda a produção animal em geral e a produção de carne suína em particular é altamente poluente, além de desperdiçadora de recursos. Isso torna-se ainda mais evidente quando há uma comparação entre a produção de porcos em Portugal e a produção de vegetais. Esta última é ecologicamente mais sustentável e pode ser muito menos poluente, ou de todo, poluente em sistemas biológicos.
Uma coisa é certa: consenso nestas matérias é impossível conseguir. Argumentos ambientalistas e vegetarianistas por um lado e desenvolvimento da industria de produção animal por outro apenas o equilíbrio deve impor-se. Não cabe na cabeça de ninguém transformar a Terra em um planeta vegetariano, até porque também essa opção acabaria por esgotar os solos.
Igualmente pertinente será o conceito, cada vez mais palpável e presente na realidade das indústrias em Portugal, de indústria ecológica e de desenvolvimento sustentável em que a utilização sustentável dos recursos, a preservação da saúde ecológica e humana e a implementação da equidade ambiental, sem discriminação social, e tendo em conta as gerações presentes e futuras, são já uma aposta.