Uma alternativa saudável aos pesticidas
O controlo biológico consiste em utilizar os próprios seres vivos para combater os parasitas ou os predadores. Não será mais viável do que a utilização de pesticidas para o combate das pragas, já que estes últimos agridem o meio ambiente, intoxicam os animais e consomem muitos recursos financeiros?
O processo de controlo biológico caracteriza-se exactamente pela introdução, no ecossistema, de um inimigo natural da espécie nociva. O objectivo é manter a densidade populacional dessa espécie em níveis compatíveis com os recursos do meio ambiente.
Controlo biológico através de parasitas ou de predadores
O controlo biológico pode ser feito a partir da introdução de parasitas específicos ou de predadores se bem que, até agora, o processo mostrou-se mais eficiente através da introdução de parasitas por ser mais específico: o parasita morre com o organismo parasitado.
Veja alguns exemplos:
- Um exemplo de controlo biológico por meio de parasitas é a utilização do vírus Baculovírus anticarsia, um vírus que ataca apenas as lagartas que comem as folhas de soja, não prejudicando outros seres vivos.
- Como exemplo de controlo biológico feito por meio de predadores, temos o Gambusia affinis – um peixe que come as larvas do mosquito Anopheles (transmissor da Malária).
- Outro exemplo é a vespa chamada Trissolcus basalis. Este insecto deposita os seus ovos (cerca de 250 em cada época) no interior dos ovos de algumas espécies de percevejos. Os ovos do percevejo são usados como alimento pela larva da vespa, não havendo a formação de adultos, ou seja, as pragas.
As vespas Trissolcus basalis são criadas em laboratório para que possam ser colocadas nas plantações de soja e continuem a predar os ovos dos percevejos. O método mais eficiente é distribuir pela cultura ovos de percevejos e ovos das vespas. As vespas são libertadas após o florescimento da soja, quando os percevejos iniciam a época.
O controlo biológico exige, no entanto, cuidados…
Um controlo biológico adequado exige a realização de uma avaliação dos riscos associados a esta prática, pois muitas espécies estranhas são introduzidas em ambientes naturais sem que haja um estudo aprofundado – o que pode provocar sérias alterações nas características do ecossistema, como a eliminação de espécies nativas através de competição ou de predação.
Um passado desastroso de controlo biológico
Muitos antes dos avanços da ciência e da tecnologia nesta área, o homem já tentava fazer controlo biológico nas suas culturas. Aqui ficam dois exemplos de tentativas desastrosas:
- Em 1872, o mangusto (mamífero carnívoro) foi introduzido na Jamaica para combater ratos que se espalhavam nas plantações de cana-de-açúcar. O mangusto acabou com os ratos e também com outros mamíferos, aves terrícolas e crustáceos, causando graves alterações no ambiente;
- Em 1859, alguns casais de coelhos foram introduzidos na Austrália para o combate às ervas daninhas que se multiplicaram na região. Por não encontrarem predadores naturais, nem parasitas que regulassem a sua própria população, os coelhos proliferaram tanto que destruíram grande parte das pastagens australianas – causando um enorme prejuízo à pecuária, uma grande fonte de riqueza daquele país.