Em Portugal a agricultura sempre foi parte integrante da maioria da população. Era comum as famílias terem um pedaço de terreno em que cultivavam algumas frutas e vegetais que eram usadas na alimentação familiar. Este pedaço de terreno era passado de geração em geração. Com o êxodo rural, os jovens abandonaram o interior em busca de espaços mais citadinos e urbanos que pelas suas características logicamente não são propícios à prática da “agricultura familiar” chamemos-lhe assim.
O ritmo de vida aumentou, os empregos são cada vez mais exigentes e a disponibilidade para tratar de uma horta ou vinha fora da zona onde se vive diminui, deixando assim aquele pedaço de terreno da terra entregue aos familiares que ficaram e que muitas vezes são pessoas mais velhas e com menor disponibilidade física.
No entanto, nos últimos tempos um pouco por todo o mundo tem-se assistido a uma tendência nova que promete revolucionar a pequena agricultura. A aparente falta de espaço nas cidades levou a que se olhasse para a situação de outro ângulo. De um ângulo mais vertical. E assim nasceram as hortas nos terraços de grandes prédios.
Esta é uma solução criativa e inteligente para contornar a falta de espaço nas zonas urbanas para as actividades agrícolas. As potencialidades desta ideia são enormes. A mais óbvia será a melhoria da qualidade de alimentação da população das cidades.
A possibilidade de cultivar os seus próprios alimentos (muitas vezes a partir dos seus próprios resíduos da alimentação, as sementes dos frutos que comem) de uma forma natural e cuidada abre enormes possibilidades também numa vertente mais empresarial.
Poderá surgir uma janela de oportunidade para uniões de agricultores urbanos que conseguem distribuir legumes e fruta de qualidade para as grandes superfícies comerciais com menores custos de transporte.
Esta questão é muito importante também pela vertente social. Há espécies vegetais que a agricultura tradicional sacrificou e que podem ganhar novo ânimo com este modelo vertical e o aumento da produção de alimento é uma questão fulcral para ser resolvida nas próximas décadas da humanidade. Segundo alguns estudos é crível que se nada for feito para aumentar a produção de alimentos, dentro de cerca de 50 anos, 3 biliões de pessoas podem vir a passar fome.
Não obstante todas as potencialidades do conceito de agricultura vertical há contrariedades a ter em conta. Um projecto desta natureza requer custos elevados com água e energia. A necessidade de investimento pode afugentar os potenciais novos agricultores pelo que esta é uma ideia que terá sempre mais pernas para andar sob a forma de projecto em conjunto, sustentado por exemplo pelos moradores de um prédio.
Embora, este seja um conceito ainda a ser trabalhado é para muitos inegável que será uma actividade com futuro. A agricultura vertical também abarca o cultivo em espaços indoor como varandas, por exemplo. É necessário que as pessoas tenham acesso a alimentos “mais naturais” e próximos de onde vivem e as hortas verticais poderão ser a solução de alguns dos problemas alimentares e agrícolas dos tempos modernos.