As árvores, cada árvore, são importantíssimas, não só pela produção de oxigénio, como pela poesia com que desenham as paisagens e também as nossas raízes. No entanto, são as árvores jovens que – por produzirem gás carbónico em menos quantidade – asseguram a nossa qualidade de vida naquilo que é respirar – daí a importância da arborização e rearborização (enquadramento legal de arborização e rearborização: aqui).
Bem visto há, em cada árvore, na floresta, um monumento natural que importa preservar e cultivar. Que vivam as florestas!
A árvore e a 1ª República
Não, não há engano nesta relação: o culto da árvore, a Festa da Árvore, a classificação e proteção de árvores notáveis, o reconhecimento dos benefícios da arborização e da silvicultura, a necessidade de cooperação e diálogo entre os agentes que contribuem para a modernização florestal – valores e símbolos com imenso significado nos ideais da 1.ª República, ainda se mantêm.
Impressionante, não é?
Ao culto da árvore está associado a manifestações cívico-pedagógicas, valores republicanos – a fraternidade, a educação e o culto da pátria -, designadas de Festas da Árvore como:
- a criação da Associação Protectora da Árvore tão fulcral para o desenvolvimento florestal do país;
- a propaganda sistemática a favor da árvore através de festas, conferências, plantações comemorativas e publicação de artigos de jornal e livros alusivos;
- a classificação e protecção das árvores notáveis;
- a aposta na reorganização e modernização da Administração Florestal, de que as Conferências Florestais de 1914, 1915, 1916 e 1917 são exemplo;
- a intensificação do regime florestal vocacionado para a arborização das dunas do litoral e do interior montanhoso e serrano.
Estava assim iniciado um movimento cultural e cívico de celebração dos benefícios da Árvore e da Floresta, constando essencialmente da plantação de árvores, de um ambiente festivo e de discursos de sensibilização a favor da árvore.
Como era na altura?
O cenário florestal do país era propício a este movimento – dada a significativa desarborização em que se encontrava e também as necessidades crescentes em madeira. Ao longo do século XIX, ocorreu uma significativa desarborização de folhosas, nomeadamente carvalhos e castanheiros; as serras do interior estavam profundamente erosionadas e era extremamente urgente e necessário secar pântanos e fixar dunas através da arborização. Logo no início do século (1901, 1903 e 1905) foi estabelecido o Regime Florestal, base jurídica para uma vasta acção do Estado em prol da arborização, nomeadamente em Baldios, e começam os primeiros trabalhos de arborização nas serras em parelha com os trabalhos de fixação de dunas.
Curiosidade
Em 1912 o Jornal “O Século Agrícola” lançou uma forte campanha de apelo à Festa da Árvore, à escala nacional, que encontrou o maior eco junto dos governantes, dos agricultores, das escolas, das associações e das autarquias. Presidente da República, Ministros e altos responsáveis da administração pública e do poder local presidiram às comemorações. Agricultores, viveiristas e Serviços Florestais asseguram o fornecimento das árvores a plantar e as açcões de propaganda eram levadas a cabo pelos professores, por prestigiados agricultores e técnicos agronómicos e florestais e ainda pelos sócios da Associação Protectora da Árvore, constituída formalmente em 1914 com vista à “propagação, defesa e culto da árvore“.